segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Casos mal resolvidos

Andava tão ocupada, tão virada para mim própria, tao absorta nas palavras, que não vi…


As minhas preocupações eram a ponte a saltar, o degrau a subir, como ultrapassar este ou aquele obstaculozinho. Uns maiores que os outros, mas eu, qual super mario, sentia-me capaz de os transpor a todos um a um, até chegar ao tesouro perdido. Perdia algumas vidas, quando saltava cedo demais, mas sempre ia ganhando uma outra moedinha, munida, pensava eu, de super poderes, que nível a nível me fariam chegar à final.

Tão absorta que estava nesssas pequenas conquistas e nesses saltinhos, na corrida contra o tempo, que só depois, de repente, percebi. Não era um tesouro escondido o grande desafio, não era pincesa raptada o objectivo final, não era o super mario, este jogo que estava jogar. À minha frentre estava uma grande muralha. Tão grande como a da China. Cercava-te a ti e os meus super poderes não chegam para transpô-la. Durante muito tempo, tive uma igualzinha e por isso sei, de cor e salteado, o que é preciso para destruí-la e deixar que outros nos acerquem.



Tal como tu, esperei anos, que alguém viesse, munido de canhões e munições para destruí-la. Mas todos nela esbarravam, sem que esta estremecesse um milimetro que fosse. E durante anos, a mesma crescia e fortificava-se, com as memórias, as recordações, as fantasias. Com que foi e já não volta. E eu cimentava cada tijolo, com os meus sentimentos, com as minhas fantasias, com os planos feitos e totalmente gorados. Redimensionava toda a realidade, romanceava todo o meu passado., a um simples contacto daquele que havia originado tamanho obstáculo. Só há pouco percebi, que esse poder está em nós próprios. Só há pouco que a muralha é feita de medos e não de sonhos. A origem é a mesma, as tais recordações, os tais planos gorados, mas o que a mantém não é a vontade de ficar, mas sim o medo de perder.



Para isso não tenho poderes. Não há crédito no jogo, palavra no texto ou momento proporcionado que cure esse mal.



Só depende de ti!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Delicioso!!!

CARTA A OPHÉLIA QUEIROZ – 25 DE SETEMBRO DE 1929


Exma. Senhora D. Ophélia Queiroz:

Um abjecto e miserável indivíduo chamado Fernando Pessoa, meu particular e querido amigo, encarregou-me de comunicar a V. Ex.ª — considerando que o estado mental dele o impede de comunicar qualquer coisa, mesmo a uma ervilha seca (exemplo da obediência e da disciplina) — que V. Ex. ª está proibida de:
(1) pesar menos gramas,
(2) comer pouco,
(3) não dormir nada,
(4) ter febre,
(5) pensar no indivíduo em questão.

Pela minha parte, e como íntimo e sincero amigo que sou do meliante de cuja comunicação (com sacrifício) me encarrego, aconselho V. Ex.ª a pegar na imagem mental, que acaso tenha formado do indivíduo cuja citação está estragando este papel razoavelmente branco, e deitar essa imagem mental na pia, por ser materialmente impossível dar esse justo Destino à entidade fingidamente humana a quem ele competiria, se houvesse justiça no mundo.

Cumprimenta V. Ex. ª

Álvaro de Campos

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"Trago-te debaixo da minha pele. Apanhaste-me desprevenido. Atingiste-me o coração, pecado meu. E agora é tarde para tudo senão para escrever. O teu coração tão branco a bater perto de mim. Embora o não ouvisse sei que estava lá".


Pedro Paixão, in "Ladrão de fogo"

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Autocarro



Hoje em dia não se gosta, “fica-se”, como dizem os brasileiros. Não há borboletas no estomago, nem nó na garganta. Não há a voz que treme no telefonema que ansiámos e temos medo de estragar. Não há a mensagem que hesitamos se enviamos ou não, se pomos a virgula ou não, se a palavra é a correcta ou não. Não há nada a perder. Não há passos em falso, não interessa o caminho, não há precipicio. Para “ficar”, há muitos! Se perder este autocarro, em apenas 5 minutinhos (ás vezes mais, que a Carris atrasa-se muito) chegará o próximo.


Hoje, quando se gosta de alguém, mesmo que seja só assim um bocadinho, instala-se o pânico. Instala-se o pânico dos intervenientes, o rapaz e a rapariga, e de todos aqueles que estão à sua volta.


O rapaz assusta-se “vê lá que ainda te apaixonas”, a rapariga treme “ai que não me posso apaixonar, não posso mostrar, não posso ansiar, ai que ele só quer “ficar””. Os outros preocupam-se “Não vás por aí, que isso por aí magoa! Faz como nós! Até podes casar, até podes ter filhos, gostar é que não!”. “E não te deixes pisar, não aceites migalhinhas, não sintas! Sê um robot! Espera 3 dias para enviar mensagem e a segunda só envias, 2 dias depois da resposta. Calcula tudo milimetricamente, não ouses sentir nada, nem sair do carrilho”. E lá vamos todos, uns atrás dos outros, como uma manada, nesse caminhozinho sem desvios.


Aquele que, inevitavelmente, sente as borboletas no estomago, passa a ser o frágil, o vulnerável, o retrógado. Aquele que esquece os milimetros dos seus passos, que quebra todas as regras, passa a ser fraco, pouco inteligente e, imagine-se só, perde a frieza e a racionalidade.


A excepção confirma a regra e lá se permite uma borboleta ou outra, mas só uma, que o estomago é fraco e tem que se aguentar ao McDonalds desta vida. E com prazo. A borboleta deve ficar no casulo, pelo menos, um ano! Borboleta depois de um único encontro, de todo! Nem que seja pela pessoa mais interessante do mundo, nem que seja o encontro mais giro do século! Venham Brad Pitts ou Kevin Costners, borboletas só no auge da loucura e, sobretudo, depois de se ter a certeza, certezinha, de que se é correspondido!

- Não sabes falar deste assunto que a mim tanto me interessa, mas que afinal nem ao menino Jesus interessa, vai mas é à tua vida!


- Não queres ver o mesmo filme que eu, desampara-me a loja!
- Não ouves esta música, não me serves para nada!
- Vou mas é esperar pelo próximo autocarro já, antes que o perca e a Carris entre em greve!

Eu sinto borboletas no estomago. Tenho um nó na garganta, só por isso. Falo demais para o tentar desfazer. Deixei de ser moderna, despreendida, porreira….
Não quero outro autocarro, quero este! Quero conhecer os seus bancos um a um e retirar as borboletas do casulo. Quero olhar por todas as suas janelas e quebrá-las, em caso de emergência. Este sim, é confortável. Este sim, tem Ar Condicionado, piso rebatido, música ambiente.
Mas vem o pica e pergunta: “ A menina tem passe?”. E eu não tenho. Ainda não mo deste. Com borboletas, não tenho direito… E o bilhete não dá para as 7 colinas, só permite a viagem na zona 1.

E assim me forçam a sair e a pagar multa!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Eu e as putas


Agora tenho esta mania. Chamar puta a tudo! Falar da puta da vida, tem muito mais impacto e soa a muito mais desgraça ou descontamento ou lá o que seja, do que falar apenas da porcaria da vidinha!

Lesse a minha avó os meus textos e levaria já com a lengalenga habitual "Ai filha, que uma menina não fala assim!" e, aproveitando a deixa, por aí continuaria, "Ai filha, que uma menina não se senta assim, não anda assim, não se veste assim. Uma menina deveria ser prendada, aprender a lida da casa e, sobretudo, aprender a bordar. Já que foi assim que a bela-adormecida se picou, para adormecer durante 100 anos e encontrar o seu principe encantado". Qual carreira, qual viver sozinha, qual sexo antes do casamento? Eu devia era estar quietinha, no baile, à espera que o rapaz de boas familias me convidasse para dançar.

Depois vêm as minhas amigas. Como sabes, está na nossa natureza debater qualquer assunto com as nossas amigas mais intimas. Debatemos tudo, tudinho, desde do gajo giro que se mudou para o nosso lado, como os sapatos pirosos da pirosa da nova namorada do nosso ex. Debatemo-lo como se de um assunto de estado se tratasse. Como se disso dependesse o mundo e a sua camada do ozono.Com estas, a lengalenga não é assim tão diferente, "não digas puta, não digas merda, não faças isto, não escrevas aquilo. Não é com vinagre que se apanham moscas".
Dizem-me para não te escrever, para não te ligar, para não te atormentar. No fundo, dizem-me o mesmo que a minha avó, que eu deveria era estar no baile, quietinha, à espera que me convidasses para dançar!

Mas, bolas, eu não sei ser assim... Não consigo ficar de braços cruzados. E esta é, neste momento, a única arma que tenho, escrever-te. São tantas as distracções e tarefas na tua vida, que sinto que tenho que captar e manter a tua atenção, de alguma forma.
Não sei cantar, não sei dançar, não sou nenhuma estampa. Conseguisse eu e já haveria por aí noticias sobre a miuda que andava a fazer o pino na tua rua.

Arrependo-me dos ultimos mails que te mandei. Leio-os e fico orgulhosa da minha escrita, porque que acho que, aquele da desistente, está mesmo muito bem escrito. Leio-os e finjo ficar orgulhosa, finjo que tenho personalidade. Personalidade, o tanas! Ate a posso ter, mas tudo o que ali está não é mais que a puta da minha insegurança! Gostava de escrever o texto mágico que o apagasse, gostava de te dizer que aquela não sou eu e que tenho uma boa desculpa para o devaneio emocional. E até tenho! E tu conhece-la bem. Volto a reler e penso que, pelo menos, ficas já a saber o que sou, insegura! Que comigo nao há supresas...
Mas sinto que o mostrei com demasiado enfase, porque acredites ou não, eu até tenho muitos outros lados e bem simpáticos. Apesar da porcaria do mail de que me arrependo/não me arrependo, até sou uma miuda porreira... e é essa a parte que te quero mostrar...

Sinto que quebrei as regras do jogo, apesar de não saber conscientemente quais são, nem de que jogo se trata.Tento seguir o conselho das minhas amigas e tento não te escrever mais. Mas são 3h da manhã, tou com os copos e, agora, sinto que não tenho nada a perder.
Amanhã, durante a ressaca vou pensar, "Ai Meu Deus que já deve achar que sou maluca! ai Meu Deus que o homem não tem tempo! Ai Meu Deus que sou tão chata (tb palavra proibida, segundo as minhas amigas)! Ai Meu Deus, a puta da minha insegurança, a puta da minha impulsividade e a puta minha da falta de auto-controlo!". Definitivamente, esta mistura de Deus com putas, não seria aprovada pela minha avó! Que grande sacrilégio o meu!

Também tudo o resto não seria aprovado pelas minhas amigas, grande sacrilegio o meu, voltar a escrever-te!

domingo, 22 de novembro de 2009


Todas as cartas de amor são

Ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem

Ridículas.


Também escrevi em meu tempo cartas de amor,

Como as outras,

Ridículas.


As cartas de amor, se há amor,

Têm de ser

Ridículas.


Mas, afinal,

Só as criaturas que nunca escreveram

Cartas de amor

É que sãoRidículas.


Quem me dera no tempo em que escrevia

Sem dar por isso

Cartas de amor

Ridículas.


A verdade é que hoje

As minhas memórias

Dessas cartas de amor

É que são

Ridículas.


(Todas as palavras esdrúxulas,

Como os sentimentos esdrúxulos,

São naturalmente

Ridículas.)


Álvaro de Campos, 21/10/1935

sábado, 21 de novembro de 2009

"O curso do verdadeiro amor jamais flui suavemente."
William Shakespeare

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Diz que este blog é sexy...


Obrigada Enfant, pelo elogio!

A vida ao contrário


Num filme, uma personagem, um ex-combatente do Iraque, durante o sono, um sonho, tenta asfixiar a própria namorada, que dorme tranquilamente ao seu lado. Não é ela que ele quer asfixiar. Ele não é um psicopata que asfixia pessoas. Ele estava a sonhar, a reviver os seus traumas e sem ter consciência, numa tentativa desesperada de sobrevivência é ela a pessoa a quem ele tenta matar.

No big brother, o Zé Maria. O Zé Maria queria, não 15, mas 5 minutos de fama. O Zé Maria queria fugir da sua rotina, da sua vidinha, no Alentejo. O Zé Maria não sabia como relacionar-se com os outros do grupo. Enquanto destes se afastava, cuidando das galinhas, Portugal inteiro conquistava. Eufórico pelo 1º prémio, mas não sabendo gerir o conquistado, perde a sua aquisição, a sua fama, até, desesperado, tentar suicidar-se na 25 de Abril.

O meu ex-namorado, aquele que durante anos foi o amor da minha vida. Aquele a quem escrevi cartas e cartas, de amor, de saudade, de apreço. Aquele que nunca lhes ligou, por vezes, nem sequer as abriu, encanta-se, agora, com os textos que não são para ele. Elogia-me agora, que já perdi o interesse.

Fernando Pessoa e a sua Ophelia. As cartas que até hoje inspiram e encorajam os românticos de todos os tempos.
Cartas essas fruto de uma sua ilusão. Ophelia tinha outro, tinha um namorado. Uma relação séria. Respondia às suas cartas por pura cortesia. Quando lemos "por favor, Bebé, não me deixe de escrever", estamos a ler o seu desespero. Quando lemos que a achou abatida na sua ultima carta, lemos a sua tristeza por não ser correspondido. Percebemo-lo ao lermos uma das últimas cartas, carregada pela sua sua fúria, porque Ophelia, mesmo depois dos seus lindos devaneios, continua a preferir o namorado e a escrever de forma fria e distante, como "um relatório" chama-lhe ele. Através de um dos seus heterónimos, Álvaro de Campos, Pessoa assume a sua fraqueza e mostra-nos como sente que cai no ridículo, ao escrever essas ridículas cartas.

Identifico-me com estas personagens.
Como o ex-combatente, inconscientemente, asfixio aqueles que não são o verdadeiro fruto da minha desilusão.
Como o Zé Maria, aspiro muito pouco. Escrevo uns textinhos, para fugir à rotina, recebo uma resposta ou outra e que feliz que fico, só por ganhar 5 minutos de existência. Chego um pouco mais longe e não sei geri-lo. Suicido-me no desespero de ter um pouco mais, de manter e captar as atenções.
Como o meu ex-namorado, encantam-me os textos, as cartas que não para mim e, finalmente, como Fernando Pessoa, faço um romance onde ele não existe. Também tenho o meu Álvaro de Campos, que compreende o ridículo da situação, mas, por vezes, a escrita ganha vida...

Deixei cair uma peça do dominó e, na tentativa de agarrá-la a tempo, derrubo todas as outras, até desconfigurar completamente a verdadeira imagem que representam.
Tudo fica ao contrário, tudo fica do avesso e já não há volta a dar...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tendencias...




Borro sempre a pintura!


Exagero sempre no diluente de má qualidade para minimizar os estragos

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Desafio Revelações




Esse petit enfant vraiment terrible colocou-me um desafio que consiste em completar 5 frases e dessa forma revelar um pouco mais de mim.

Eis as minhas 5 Revelações:

a) Eu já concretizei um grande grande sonho!
b) Eu nunca estou satisfeita!
c) Eu sei a teoria toda, mas nunca a aplico na prática!
d) Eu quero Tudo e Já!
e) Eu sonho o tempo todo...

Parece que agora tenho que passar este desafio a outros bloggers, assim, desafio:
- Ritita;
- Gurozen;
- Miss Complicações;
- O Coimbra (pelo teu regresso!)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nada é irremediável


Nada é irremediável!


Irremediável é esta minha vontade de intensidade, esta minha vontade de que algo aconteça. E que depois algo mais aconteça, e, ainda mais uma vez, volte a acontecer.


Irremediável é esta minha vontade de atingir o limite, de chegar ao precipício.


Irremediável é esta minha vontade de escrever a frase que aguarda ser escrita. A frase que te eleve ao espanto, que te traga de volta das sombras, que estilhace esse teu silencio.
Esse teu silêncio que me atinge de estilhaços. Estilhaços carregados de mensagens, preenchidos pelo cansaço, repletos de respostas. Respostas que sabem a desafio, que me dão ainda mais força para procurar a junção de palavras que chegará, mas agora está esquecida. Os verbos e substantivos que aproximam, que desarmam, que surpreendem.


Escrevo e rescrevo e volto a escrever, na esperança de lembrar, até cair nesse precipício, ainda antes de o conseguir. Relembro ao cair e volto a esquecer, volto a esquecer o que quero de ti e a lembrar que de ti nada quero.


A ti, só te quero elevar ao espanto!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Extremos

Há aqueles que têm a teoria de que deve haver sexo num primeiro encontro, para verem se são compatíveis.
Eu acho que deveríamos mostrar logo logo, todos os nossos defeitos e então sim, veríamos se somos compatíveis...
O sexo também é importante, mas dizem por aí que só vale 10% numa relação, se a coisa correr bem, 90% se a coisa correr mal... O resto tem concerteza uma percentagem muito maior...Talvez fazer as duas coisas ao mesmo tempo não seja má ideia.

Eu tenho um grande defeito, vivo tudo muito intensamente. Não sei viver de outra forma e gosto de ir até ao extremo.Só que os extremos têm um problema, os extremos tocam-se...
Sou tão corajosa, às vezes, que essa minha coragem me assusta.
Quero tanto surpreender com os meus textos, que os torno fúteis e enfadonhos.
Quero tanto vencer a minha timidez, que, cobardemente me escondo...
Quero tanto 5 minutos de atenção, que me despeço antes de os ter...
Tenho tanto medo do que me possas ter respondido por e-mail, que odeio o facto de não o ter recebido...
Quero tanto mostrar que sou interessante, que pareço parva...
Tenho tanto medo do fim, que termino o que quer que seja, antes de o começar...

Sabes qual é a merda disto tudo? O problema disto tudo é que tenho saudades tuas. Tenho saudades e não me sinto no direito de as sentir, de te dizer... Que direito me deste tu de as ter?

Para resolver o meu problema, que grande ideia a minha, escrever-te um mail mostrando-me uma verdadeira cabra. Um texto que te faça pensar que sou parva, estúpida, não tenho nada a ver com a tua vida, que te faça odiar-me, que te assuste e, assim, me faça, a mim, perder a coragem de te escrever outra vez e elimine duma vez por todas essa saudade... Não tenho coragem de dizer-to, por isso, escrevo a porcaria dum texto, onde o tento pôr nas entrelinhas, mas onde afinal tudo soa à cobrança que não quero fazer...

Era certinho e sabido que me ia arrepender a seguir...

Tenho medo que esta saudade estrague tudo, quando aquilo que quero é uma boa recordação. Por isso, destruo a boa recordação, escrevendo o que escrevi... Também tenho este defeito... antecipo-me!

Os extremos tocam-se, facilmente chegas de um lado ao outro. Facilmente encontras na extrema direita um idealismo idêntico ao da extrema esquerda, mas escrito, defendido, argumentado, como se duma coisa totalmente diferente se tratasse...

E isso é o que me acontece... Só te quero dizer que tenho saudades tuas e acabo por dizer que às vezes não gosto de ti... O que é a mesma coisa, mas escrito de forma diferente! Quero lá saber do jogo de futebol, quero lá saber se respondes às mensagens! O que eu queria mesmo mesmo, era estar contigo!

Não sei ser como essas gajas que fazem joguinho. Que mandam uma mensagem com pergunta para obrigar a uma resposta, que fingem esquecer-se de qualquer coisa no carro ou na casa da outra pessoa, para pretexto de reencontro, que fingem ser o que não são até os "deixar pousar". Quero que me liguem só porque sim, só porque têm vontade! Mas às vezes parece-me que essas parvas é q a sabem toda, que essas parvas é que são inteligentes. Vão de pantufinhas e saem nos seus maiores saltos! E eu vou com a porcaria das sandálias que chinelam nas tuas escadas e saio de patins!!!

E mais uma vez, chego ao extremo inverso daquilo que queria: escrevo-te outra vez, depois de me ter despedido, escrevo-te um texto enfadonho, escrevo-te a justificar-me! Não quero ser assim, mas hoje é mais forte que eu!
Realmente não sei como escrever isto num texto minimamente interessante, porque não me parece nada interessante a mensagem em si!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Às vezes, não gosto de ti...

Cansa-me ter que estar sempre no auge da minha genialidade para conseguir captar a tua atenção; sinto uma grande recompensa quando me reconheces essa genialidade.

Tenho medo de te ligar para, pura e simplesmente, dizer, "bora tomar um café"; ninguém, como tu, me dá a coragem para te escrever e dizer, absolutamente tudo, o que me apetecer.

Ignoras os meus textos mais lamechas; reages sempre aos meus textos mais revoltados, que têm muito mais a ver comigo.

Desapareces facilmente no meio dos teus projectos; atrai-me a forma como as ideias, para fazeres ainda mais, não param na tua cabeça.

Não sei lidar com o facto de seres tão diferente de todos aqueles que conheço; nunca teria interesse em conhecer-te se não te achasse tão diferente.

Assustam-me as tuas pressas; as tuas pressas fazem-me sentir que tudo é uma fantástica aventura ou um grande desafio.

Contam-se muitas histórias a teu respeito, grande parte, muito pouco abonatórias; acho espectacular que tenhas tantas e tantas experiências.

Nem sempre concordo com as tuas teorias; muitas vezes, sinto o que escreves e escreves o que sinto.

Às vezes, não gosto de ti... Às vezes...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

E se me apaixonar?

Acabei de descobrir esse segredo, que tu, obviamente, já desvendaste há muito, que é o poder que podem ter as nossas palavras.
Descobrir que as minhas palavras podem surtir o efeito de alguém querer beijar-me como nas novelas é um reconhecimento enorme da minha escrita!
A descoberta desse poder deu lugar a uma grande euforia e a uma grande motivação.
De repente, dei por mim a não querer fazer mais nada do que escrever e a tentar perceber quão longe isso me pode levar. E a escrever cada vez mais e, na minha modesta opinião, melhor.

Contigo quebrei todas as regras e tive várias iniciativas, que não teria neste casulo onde vivia. E aí fiz outra descoberta, que quebrar as regras pode ter as suas recompensas. A partir daí, o meu principal plano foi passar a não fazer planos! Outra descoberta que deu lugar a euforia e que me fez perceber que a vida tem muito mais a oferecer e que podemos ser muito mais, se formos capazes de viver sem "medinhos".
Porquê recuar agora? Porquê voltar a ter medo. E se os bons momentos derem lugar a outros sentimentos? E se esses bons momentos derem lugar a um desgosto? Agora acredito que se continuar a ter estes receios, a minha vida continuará cinzenta, ou preto no branco, que é um bocadinho melhor, mas ainda assim muito triste.
Agora descobri que quero cor, quero arriscar, quero viver!

Continuo a ter sede de te conhecer ainda melhor, de saber que manias tens mais, que coisas te entusiasmam, quem é o ser humano por detrás da minha referência.T alvez isso implique correr o risco de me apaixonar. Pensado bem no assunto, és uma pessoa que admiro, uma pessoa com coisas para ensinar e, decobri agora, com coisas para aprender comigo. Isso pode, efectivamente, ser apaixonante! Ou não, pode ser apenas sinónimo de uma boa conversa, uma boa amizade, um bom momento.

Não adivinho o futuro, nem quero, porque, na verdade, já nenhuma destas hipoteses me assusta!

Quero correr esse risco!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Chata como a potassa

Não consigo parar esta busca incessante pelas palavras mágicas, que à semelhança de umas outras, me levem ao meu desejo.

Acho que temos o nosso Q de cão de Pavlov que, num reflexo condicionado, já salivava, ao ouvir a campainha, mesmo quando esta já não acompanhava a habitual comida.

Será possível ainda surpreender depois de 10, 20, 30 e-mails? Poderão as palavras ser como a música que, com apenas 7 notas, se continua a reinventar e a surpreender? Poderão 23 letrinhas ajudar a reinventar-me?

Tento variar, para não te cansar. Não posso continuar a falar na puta da reunião que foi adiada, na puta da sociedade que me oprime ou na puta da tua fama que me abafa.

Mas é mesmo isso que só me apetece dizer: PUTA PUTA PUTA!!!!
Puta da saliva que já me está a desidratar!
Puta da TMN que não deixa o meu telefone tocar!
Puta da internet que não faz um mail chegar!
Puta da tua parede, onde me queria colar, só para te fazer lembrar!
Puta da minha cabeça, como a potassa, só a chatear!!!

sábado, 7 de novembro de 2009

In Love

Andava meia adormecida, talvez devido a uma rasteira que a vida me tinha pregado. Anestesiei-me a mim própria e deixei-me levar por esta letargia, tão confortável, como um dia de Domingo passado em frente ao televisor.

E de repente surges tu. Ou surjo eu?
Não é tão linear assim perceber como voltei à tona. Se me trouxeste tu, se me insurgi eu. Avisas que me posso apaixonar e assustas-me. Assustas-me porque tens razão. De repente, sinto-me apaixonada. Não como, não durmo e fantasio de forma quase alucinada.

E é aí que percebo que foste tu, mas não foste. Tu já existias no meu mundo. Surgias-me todos os dias das mais diversas formas e, sim, foste o incentivo para este meu devaneio. E re-incentivaste-o prestando-lhe atenção. Percebeste que eu existo e isso fez-me também perceber que existo.
E entao sim, senti-me apaixonada. Apaixonada pela minha coragem, pela minha loucura e pela minha lucidez. Talvez seja um pouco nascista, mas haverá coisa melhor que sentires que sim, que queres passar o resto da tua vida contigo próprio, com aquilo que és e com o que queres vir a ser.

Há gente que passa uma vida inteira a procurar esse sentimento.
Há até gente que não se suporta a si mesmo.
Há gente que desiste a meio caminho.

Eu encontrei-me!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Para Ti

Olá Bem-vindo! Este é o meu blog. Já sei que detestas o nome. Acho que é coisa de gaja. Na minha pequena sondagem, as raparigas adoram o nome, os gajos detestam. Talvez os gajos sejam mais honestos.... Grande parte dos textos já os conheces e em muitos outros te reconhecerás. Devo já avisar-te que aquilo que te espera nem sempre é bonito. Aqui se encontram muitas palermices, muitas lamechises (devem ser das hormonas - a eterna desculpa), muitos desabafos e muitos “enche chouriços” que utilizo quando me deixo cegar pela ambição do crescimento das visitas, mas me seca a fonte. Também encontrarás um pouco de non-sense, este deve-se ao facto de utilizar muitas vezes esta minha arma como uma forma de enviar mensagens específicas, sobre assuntos específicos, a pessoas específicas.

Ainda assim, este blog é o meu reflexo. Ou parte dele, já que somos tantas e tantas coisas que, algumas, nem sempre nós próprios reconhecemos ou admitimos. Seria difícil reflectir esse lado mais obscuro ou inconsciente nos meus próprios textos.

Devo confessar-te que ao reler-me, nem sempre me reconheço. Não reconheço as palavras ou aquilo que descrevem. Entre os meus dedos e este mundo virtual, algo ganha vida própria.

No entanto, no final, esta sou eu, munida de armas e (confesso que só às vezes, porque sou muito preguiçosa) maquilhagem!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Aventuras em Madrid

Tenho andado a apanhar uma seca de todo o tamanho, aqui em Madrid, sempre à espera que as pessoas me dêem atenção. Aqui também não se cumprem os horários das reuniões!
Nem novidades nos blogs tenho para ler... Estou a desesperar com a falta do que fazer...
O resto também não tem corrido muito bem... Trouxe roupa relativamente quente, mas aqui está realmente um frio do caraças, precisava dum casaco de inverno à seria! Tenho sofrido muito com o frio...

Armada em esperta, pedi para ficar num hotel no centro da cidade que é tão fashion, tão fashion que parece um verdadeiro labirinto. Encontrar um qualquer quarto nesse hotel é quase uma aventura. O meu, é o último do labirinto!
Passo portas e corredores infindáveis até lá chegar. Ontem,andei com uma dor de barriga até ao regresso ao hotel. Tenho dificuldades em utilizar as casas de banho daqui do escritório. Ao chegar ao hotel, depois de correr o infindável caminho, já muito apertadinha, a porcaria do cartão não abria porta! Toca a passar o labirinto, os corredores, as portas, todas outra vez, munida de portátil e mais uma data de coisas que agora não interessam nada, mas que ontem estorvaram muito, até à recepção. Só te tenho a dizer que foi por muuuuuuito pouco...

Hoje acordei feliz da vida, pensando, que tinha lavar este cabelito, para que, aqui, no escritório de madrid não pensem que sou uma desleixada. Isto porque, ainda não contei, mas ontem vim com umas calças que já me estão largas e, para ajudar, a meio caminho, perdi a porcaria o botão!!! Andei todo o dia entre dois factos: puxá-las para cima e andar de rabo à mostra. Continuando, já me estava eu a preparar para lavar o meu cabelinho e eis que me apercebo: onde está o secador??? Porra, com este frio e sem casaco, não me arrisco a ir de cabelo molhado. Lá vim com o meu cabelinho todo escorridinho.
Claro que, descobri, entretanto, que o único quarto sem secador é mesmo o ultimo do labirinto!!!

Apetece-me dizer todos os nomes que conheço! Quero a minha casinha!!!!

"Para qualquer triunfo há que estar preparado para uma derrota maior"

Pedro Paixão
in O mundo é tudo que acontece

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Preliminares

Tenho esta teoria de que os preliminares, para uma mulher, começam muito antes até do primeiro beijo!
O verdadeiro turn-on para nós, é uma boa conversa, uma pessoa inteligente, um conjunto de circunstâncias. Claro que a tudo isto há que adicionar uma técnica. Mas técnica sem táctica não resulta.
Não é um "excitas-me muito" que nos excita. É um "és inteligente" que nos liberta a libido.
Por muito que alguém já nos tenha excitado, encantado, admirado, toda essa recordação ou sensação se desvanece se depois de minutos, horas, dias ou meses de silencio apenas nos perguntam "hoje?".

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Silêncio


O silêncio é sobre-estimado e sub-valorizado.

O silencio redimensiona, em ambos os sentidos.

Eu gosto do silêncio.

Gosto de chegar a casa e estar cinco minutos sem ligar a tv, o rádio ou ipod e sem atender o telefone. Esse silencio é o suficiente para minimizar o longo dia, os problemas e a puta da rotina.

Eu não gosto do silêncio.

Não gosto quando não tenho assunto, não gosto quando não sei uma resposta, não gosto quando é contrangedor.

Gosto do silencio.

Gosto quando faço Yoga apenas ouvindo e controlando a minha própria respiração.

Não gosto do silêncio.

Não gosto quando não me dão uma resposta, mesmo que seja a uma pergunta retórica.

O silêncio liberta-nos.

O silêncio prende-nos.

O teu silêncio liberta-me das expectativas.

O teu silêncio prende-me aos porquês.

O silêncio pode ter várias interpretações. Sem nada dizer, podemos dizer tudo!

Podemos enviar uma mensagem ao mantermo-nos silenciosos ou podemos pura e simplestemente não ter nada a dizer. Podemos ser apenas cobardes ou podemos ser muito corajosos.

Eu sou muito corajosa se não respondo àquele paspalho que não me deixa seguir a minha vida.

Tu és muito cobarde, por não me dizeres "sua paspalha, segue a tua vida!".

Não sei lidar com o teu silencio... Fico presa às minhas próprias palavras, aos passos que dei em falso ou aos passos certos que terás dado. É mais cruel o silêncio que a nua e cruel verdade.

Sem palavras, é mais facil agarrarmo-nos à mentira, às desculpas, à ilusão...

Com palavras é mais fácil libertarmo-nos e recordarmos apenas o que foi bom...

Sem palavras é mais dificil não cobrar, não insistir, não sonhar...