quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A minha cidade



Trabalho em Lisboa, saio em Lisboa, janto em Lisboa, estudei em Lisboa, muitos dos meus amigos estão em Lisboa.
Quando chegou a altura de me emancipar, fiz contas à vida e à qualidade de vida. Fiz contas ao dinheiro gasto, ao tempo gasto e ao desgaste.
Neste balanço pesa o coração e o meu não me permitiu essa "emigração".
Arrependo-me sempre que há um acidente na 2ª circular. Não me arrependo, todos os dias, ao final da tarde, quando regresso.
No meu regresso encontro um ar mais leve, o desconhecimento do conceito "falta de estacionamento", do conceito "stress", do conceito "transito".
Logo que estaciono, encontro a antiga colega de escola. Entro no prédio e encontro um ex-aluno dos meus pais.
Saio à rua e encontro a prima, a irmã da amiga, a mãe da colega.
Mais à frente, entro no café, onde todas as caras são conhecidas e, pelo menos, uma é querida.
Ainda nos conhecemos quase todos e ainda sentimos todas as dores. Como a menina que se esfaqueou e foi esfaqueada. Há sempre um elo... conhecia de vista, conhecia a irmã, conhecia os pais, conhecia o cunhado.. e todos sofremos um bocadinho a sua morte... e todos encontramos solidariedade nesse elo, que é muito forte, nem que se reflicta apenas nessa conterraneidade.
No meu regresso, sinto-me em casa, mesmo de antes de entrar na minha.

2 comentários:

Ritita disse...

Com esta descrição maravilhosa, até eu fiquei com vontade de voltar!! :o)

Nuance disse...

Volta! Volta! Volta!!!