terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Superstições


Não me considero uma pessoa supersticiosa. Não me importa se passar um gato preto à minha frente (o mais provável é chamá-lo para lhe fazer uma festinha ou mesmo dar-lhe de comer), passo sem problemas por baixo de uma escada e não me assusta sequer, partir um espelho.

Não tenho nenhum talismã da sorte ou qualquer objecto a que me agarre quando sinta essa necessidade.


Ainda assim, de forma inconsciente, criei as minhas próprias manias sem grande justificação:


- Quando fiz exame de condução, não contei a ninguém, com receio que desse azar;
- Quando ainda estudava, não gostava que fosse algum amigo ou colega a ver nota. Como se o facto de ser eu a vê-la antes de todos os outros, fosse o factor de sucesso;
- Quando estou à espera de alguma mensagem ou telefonema importante, de manhã, só ligo o telemóvel depois de chegar ao trabalho, como se ligá-lo em casa ou no caminho o fosse avariar;
- Ainda não consegui decorar o caminho até à tua casa e todas as vezes penso em memorizar a localização no meu GPS, mas por algum motivo, nunca o faço, como se isso implicasse não mais lá voltar. Acabo por preferir fazer a má figura de te ligar, sempre, a meio caminho e mostrar-te esta minha capacidade para me perder e esta minha falta de orientação;
- Mesmo que saiba de antemão que vou dormir à tua casa, nunca preparo a trouxinha com a escova de dentes, o pijama e uma muda de roupa. Sinto que se o fizer, algo vai correr mal... Arrependo-me sempre na manhã seguinte.
- Quando estou à espera de uma mensagem ou um telefonema teu, afasto-me do telemóvel e distraio-me com outras coisas. Por algum motivo, acredito que se o telefone estiver ao meu lado, não vai tocar, e é por isso que nunca te atendo a tempo ou respondo imediatamente a uma mensagem.


Não tenho supertições baseadas em historias tradicionais, mas ainda assim, não deixo de ter essa irracionalidade, associada a crenças sobre causa e efeito. No fundo, no fundo, acho que mais que superstições, são formas de gerir expectativas.

Sem comentários: