terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Hoje escreveste-me. Mesmo que seja só para me dizer que não sabes o que hás de dizer, deixas-me feliz. Pelo menos paraste uns segundos a pensar no que hás de dizer e isso mostra-me que ainda tenho alguma existência. Não preciso que digas nada, sei o quão infrutífero é o que te escrevo, sei que não vai de encontro àquilo que queres para ti, sei que muitas vezes é um erro, porque digo apenas aquilo que já sabes.
Não gosto de escrever a justificar-me e volto a fazê-lo, mesmo sem que haja grandes justificações para os meus actos. Eu própria não percebo. As palavras surgem-me a toda a hora e não me permitem fazer nada até ordená-las. Desconcentram-me no banho, no trabalho, no sono e só quando as ordeno e releio, posso descansar. Envio-tas quando, provavelmente, não devia fazê-lo, mas é mais forte que eu. Um dia disseste que escrevias para conquistar à moda antiga, eu escrevo para conquistar de forma moderna. Sei que não é este o caminho, porque os obstáculos são demasiado grandes para a pequena existência que tenho na tua vida. Sei que, se um dia, me levou ao meu objectivo, nestas circunstancias, passa a ser uma arma muito fraca. Mas é a minha, só minha e isso ninguém me pode tirar.
Escreves-me, também, que farás a tua parte para me ajudar na obtenção daquele que é o meu sonho. Respondo-te eu que já o fazes e muito. Talvez não tenhas essa noção, talvez não identifiques a dimensão das tuas palavras, mas são elas que me dão esta força que desconhecia e me fazem correr todas as capelinhas, bater a todas as portas e gritar bem alto para que todos me oiçam. Acho que esse acaba por ser o teu verdadeiro encanto. Fizeste-me sentir mais forte, fizeste-me querer melhorar, fizeste com que acreditasse nas minhas capacidades. Deste o empurrão para a minha luta e não há agradecimento possível para isso.
Dizes que está tudo ao contrário e eu acho que estás errado. São as pequenas frustrações que nos levam a grandes conquistas. É verdade que, por vezes, desejava que não houvesse desencontros, mas é verdade, também, que são os mesmos que me dão força para outros encontros. E resulta, se por um lado, não tenho armas para ti, por outro, concentro-me com mais força nessas outras armas para as minhas outras paixões.
Com o resto, não te preocupes, o resto passa. Passa sempre. Seja o tempo, seja a vida, sejam outros, tudo passa...

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